Erik, The Red 2 - #1


Então é você? Você mesma que chega no limitado horizonte ao qual consigo enxergar?
Esses cabelos longos e escuros, esse sorriso que transmite felicidade e esses lábios que pedem um beijo... NÃO!

Existia uma canção antiga que me lembro bem da letra pois ouvi um velho viajante libertando as palavras ao vento:


Uma casa gigantesca, uma vida de alegria, uma família muito feliz

Dois filhos de dia, dois cobertores à noite, a vida passeava por um triz

Três lobos atacam à noite, três verdades nunca ditas, três mentiras bem contadas
Quatro mortos ao amanhecer, quatro bocas a comer, com as vidas desbotadas

Cinco eram os que cantaram, cinco vozes no entardecer, cinco pesadelos a nascer
Seis coisas escondidas, seis palavras esquecidas, seis, e com você, sete a sofrer


Ela não saía da minha cabeça enquanto eu caminhava. Ela não saía...

Estava tentando aprender a rimar. Talvez pudesse fazer isso ao invés de guerrear.
Lutar era cansativo. A alma se cansava andando próxima ao abismo.
Os dias passaram depressa quando comecei a andar. Andei até chegar perto do mar.
Não era tão distante. Os rios congelados guiavam até onde seria o bastante.
Bastante para sobreviver. Pois vida não havia mais ao entardecer.

Eram muito depressivos. Era melhor cortar cabeças mesmo. Consegui alcançar o mar no fim da segunda onzena. Porém, não vi nenhuma das vilas litorâneas nem encontrei com nenhum outro ser humano, ou lagarto. Eu tinha certeza, os lagartos estavam todos mortos. Mas a falta de outras pessoas era incomum. Na noite em que alcancei o mar, um vento frio soprava vindo do horizonte. A lua estava alta, e o céu limpo. As estrelas brilhavam acima de minha cabeça, algumas amarelas, outras azuis e pouquíssimas vermelhas. O reflexo da lua penetrava na água do mar, e na trilha por onde eu andava, iluminando cada espaço, cada caminho. Entrei em uma caverna que ficava na encosta rochosa que descia até as praias de pequenas pedras e conchas quebradas.

A caverna era pequena mas segura, uma fissura pequena o bastante para uma pessoa magra dava acesso à ela. Animais grandes não passariam por ali. Usei algumas rochas para acender uma tocha a fim de ver os limites da caverna, o chão e a parede próxima eram visíveis, nas outras paredes não havia nada de perigoso e o teto era completamente rochoso. Parecia feito pelo homem, mas não existia um homem que pudesse ter perfurado a rocha bruta.

Existe um velho ditado - com uma música bem ridícula que eu não irei cantar agora - que diz que existem três coisas que um homem nunca consegue perfurar: a rocha bruta, a lava de um vulcão e a ponta de uma espada. O que? Achou que eu iria falar "um coração"? Que espécie de idiota é você? Corações são perfurados com lâminas. Aliás, quanto mais afiada melhor. Sim, isso tudo faz parte do ditado.

A questão é a seguinte, eu estou com muito sono. Vou adormecer nessa bela caverna, e logo pela manhã, continuarei até encontrar alguma cidade litorânea. Talvez pegar um barco, talvez... Talvez adormecer... 

Essa canção... Seria um velho viajante ou um cigano vidente?

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